9.12.03

Tudo passa, tudo passará.


         No meio de uma semana de provas, percebo que sou quase um bacharel em Direito. É uma daquelas súbitas realizações que carregam um peso diferencial: Para quem as vive, parece pesar toneladas - para quem observa de fora, não pesa absolutamente nada. Em menos de um ano (Claro, se não houver greve!) terei me formado - um ponto final a uma via crucis de oito anos. Planejo seguir um mestrado em Direito Civil logo que puder, assim como planejo vários cursos. Dá um vazio no estômago ser lançado assim no mercado de trabalho, algo parecido com um salto de pára-quedas noturno junto às falésias da Normandia com mais 32675 companheiros - a diferença é que aqui eu sei que nem todos chegarão "vivos" ao chão. E parte de mim deseja desesperadamente voltar ao início disto tudo.

         Da minha turma original, todos já se formaram, menos eu e outros dois retardatários. Claro, todos nós temos nossas "desculpas", mas quem se importa? O engraçado é que não consigo sentir saudade de nenhuma parte da vida acadêmica - não houve uma "galera" divertida, as festas do direito sempre foram chatas, como a maior parte de seus componentes. Mestres não deram lições de vida. Ninguém que eu conhecia morreu. Haverá uma festa de formatura, mas eu não estarei nela - uma escolha repetitiva em minha vida, achar esses marcos tão importantes para os outros absolutamente débeis. Claro que há um certo charme no caminho do "outsider", mas há também muita amargura e incompletitude. E hoje, ao ver dois amigos casados e felizes, um deles com um filhote que não o deixa dormir - me pergunto quando foi que nos tornamos pessoas "maduras" e não percebemos. Parece que foi ontem que ríamos no castelinho, comentando a nova caixa de Ad&D (Na época ainda nas mãos da TSR) e marcando jogos, enquanto reclamávamos do estresse pré-vestibular. Os porres de sexta feira no empório, onde aprendia um pouco mais sobre assuntos hoje absolutamente corriqueiros, e das fugas para a casa de um amigo em laranjeiras em busca da paz que eu não tinha em meu lar.

         É, hoje estou um pouco saudosista. De uma hora pra outra a gente se formou, alguns se casaram, outros foram para outros países, alguns se tornaram pessoas irreconhecíveis, e a grande maioria passa muito bem, obrigado. E enquanto o mundo dá voltas, eu paro por um instante na varanda que dá para a reserva florestal, escutando as ondas quebrando na praia ao longe, e lembro de cada um de vocês, amigos, e desejo que não se esqueçam de como foi. E me sinto imensamente feliz de partilhar um mundo e uma época com pessoas tão especiais como vocês.

Salut!

[Ouvindo Boom Shankar - GMS vs Skazi vs Parasense]
[Ouvindo Soul to bleed - Carfax Abbey]
[Ouvindo My Way - Frank Sinatra]
[Ouvindo Forgive Me - Evanescence]

Um comentário:

Anônimo disse...

Um post Baixando a guarda... bem, isso já tem 4 anos... de qualquer forma é válido.
Ler esse texto me fez lembrar um pouco de mim. Porque não fiz/fui a formatura, meus "amigos" terminaram, pessoas irreconhecíveis terminam, festas chatas... mas fui com certeza um "oursider" muito mais sociável hehehe

abraços Zins!!