Roberto Rodrigues dá receita para clusters de agroenergia
quinta, 06 abril 2006 - Fonte: O Estado de S. Paulo
A crise do álcool pela qual o Brasil passou neste início de ano tem levado muitos países, potenciais importadores do produto, a questionar o governo brasileiro sobre a garantia de suprimento por parte dos produtores nacionais. O ministro Roberto Rodrigues já tem uma resposta engatilhada, graças a um estudo que está sendo completado pela Embrapa. Trata-se da criação de clusters de agroenergia, que, segundo o ministro, funcionariam da seguinte forma: investidores interessados montam sua "destilaria" em uma área não-tradicional de cana-de-açúcar (Mato Grosso, Tocantins, Piauí, Pará, por exemplo). Os agricultores locais seriam atraídos ao cultivo da cana por meio de contratos de longo prazo, com preço atrelado ao do álcool, ou via parceria com a indústria.
Como uma quinta parte da área total precisaria ser renovada anualmente, essa parcela seria plantada com soja, com a qual, na mesma área industrial, seria produzido o biodiesel necessário para fazer funcionar tratores, colheitadeiras, caminhões. Com isso, não seria necessário trazer óleo diesel, hoje um dos principais responsáveis pelo alto custo do frete e da produção nas fronteiras agrícolas. Com o bagaço de cana seria gerada energia para as cidades e vilas vizinhas, durante a safra. E, na entressafra, seria usado carvão vegetal, resultado do plantio de árvores nas áreas impróprias para agricultura, no perímetro dos produtores associados ao projeto.
Com isso, se fecharia o circuito: etanol para exportação, biodiesel para tocar a mecanização agrícola, eletricidade da biomassa para os arredores. "E ainda sobraria o farelo da soja para ser usado, com outros insumos produzidos no local, para a criação de bois e porcos, cujo estrume seria usado como fertilizante, juntamente com o vinhoto do álcool, melhorando as condições do solo", conta Rodrigues, entusiasmado.
Todo o projeto seria financiado por grandes empresas interessadas no seqüestro de carbono, previsto no Protocolo de Kyoto. E, por ser um modelo exportável, ele poderia gerar ainda uma boa receita para os produtores de equipamentos para a agroindústria
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